Vivo dizendo algo sobre mim:
Amo cadernos.
porém, ainda que repita incessantemente,
essas palavras insistem em não expressar
o seu significado real.
Páginas
com trechos,
momentos
datas
processos,
fragmentos da vida e de quem viveu ela comigo
É como se os cadernos guardassem,
não sei porquê, ou sequer sei retribuir,
partes que perco,
que não enxergo e deixo por aí,
É a miopia
mas não só.
Admiro esse caráter dos cadernos,
de mostrar pensamentos puros
Os mais facilmente solúveis
acúmulos de processos,
questionamentos
pensamentos autorais
desestruturantes.
Numa terça feira qualquer
um caderno pode te surpreender.
uma página abre
e grita.
Um grito de um ano antes
em palavras
que carregam sentimentos de quem ja foi
E além,
Quem você foi onde ninguém via.
Páginas lidas só por quem as busca
escondidas
decodificadas.
indicam caminhos
Fazem perguntas
Retomam assuntos
Cadernos e sua propriedade fundamental
de consulta
a quem não se quer voltar a ser.